sábado, 10 de fevereiro de 2018

Pegue suas pipocas: O jogo da imitação



Título: O jogo da imitação
Título original: The imitation game
Duração: 1h54min
Dirigido por: Morten Tyldum
Atores principais: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode, Allen Leech
Gênero: Drama/suspense
Ano de lançamento: 2014
Disponível na Netflix
Sinopse: Baseado na história real do lendário criptoanalista inglês Alan Turing, considerado o pai da computação moderna, narra a tensa corrida contra o tempo de Turing e sua brilhante equipe no projeto Ultra para decifrar os códigos de guerra nazistas e contribuir para o final do conflito.


     O jogo da imitação conta a história de Alan Turing, um matemático brilhante, porém antissocial, que decide trabalhar para os serviços de inteligência britânicos, durante a Segunda Guerra Mundial. Seu papel, em conjunto com outros intelectuais, é o de decifrar a Enigma, a indecifrável máquina alemã, a poderosa máquina que contém todas as informações sobre as movimentações dos alemães na guerra, o que os colocavam em vantagem em relação aos demais - e, justamente por conta dessa máquina, os alemães estavam praticamente vencendo a Segunda Guerra Mundial, pois ao se comunicarem por meio de mensagens criptografadas em todos os seus ramos, estavam sempre um passo à frente de seus inimigos.
"Ás vezes aqueles de quem menos esperamos fazem coisas que nunca imaginamos."
     Todos os dias os alemães se correspondiam utilizando mensagens criptografadas por meio da Enigma e, todo dia à meia-noite, o código era trocado e as configurações da máquina modificadas. O papel desses intelectuais seria então descobrir o código e decodificar as mensagens. Porém, as combinações eram quase infinitas e o trabalho se tornava praticamente impossível, sem contar que à meia-noite tinham de recomeçar tudo do zero.
     Alan tem então uma ideia diferente, complexa e brilhante: a de criar uma máquina que possa fazer esse trabalho por eles e de forma muito mais rápida e eficiente. É então que tem início a criação de Christopher, o primeiro computador da história.
"Só porque algo pensa diferente de você, isso significa que não está pensando?"
     Em suma, é disso que trata a história do filme. Mas sabe o que realmente a torna interessante? O fato de que Alan Turing é um personagem da vida real, a Enigma foi mesmo uma máquina encriptadora de mensagens que quase fez os alemães vencerem a guerra e, sim, foi Alan Turing quem criou outra máquina capaz de decifrar a Enigma. Então o filme é basicamente um retrato da luta dos setores de inteligência britânicos na Segunda Guerra Mundial, mostrando a vida e o papel de Alan Turing.
"Ás vezes não podemos fazer o que gostamos de fazer, precisamos fazer o que é lógico."
     O enredo do filme mescla cenas do presente (na época da Segunda Guerra Mundial) com cenas da infância de Turing, que mostram como ele chegou a ser a pessoa que é agora, suas dificuldades, seus piores e seus melhores momentos. Os diálogos do filme são muito bem construídos, são inteligentes, não aquelas conversas medíocres para preencher o silêncio. O filme conta também com ótimos atores, destaque para Benedict Cumberbatch e Keira Knightley - os dois nunca me decepcionam.
     Outro ponto interessante é que o filme mostra um lado diferente do que estamos acostumados a ver em filmes que tratam a respeito da guerra: ao invés de mostrar a frente da batalha, tiros, bombas, granadas... o filme mostra o lado dos serviços de inteligência e pode-se ver claramente que muito da guerra é decidido por meio das informações, aliás, são justamente estas que permitem vencer a guerra. 
"O momento mais difícil de se mentir para alguém é quando a pessoa já espera a mentira. E se a pessoa já espera a mentira, você não pode mentir para ela."
     Além de mostrar o lado dos serviços de inteligência do exército, o filme também tem dois outros pontos muito interessantes em foco: a questão dos homossexuais e das mulheres, e como ambos eram vistos na época. Deve-se levar em conta, portanto, que o filme se passa no contexto da Segunda Guerra Mundial, época em que as mulheres viviam para os seus maridos e a maior realização para uma mulher era poder se casar e dar filhos para o marido (bem semelhante ao que se vê também no filme O sorriso de Monalisa, do qual falei aqui).
     Então vemos o papel de Keira Knightley na personagem Joan, que era uma mulher brilhante, capaz de desvendar enigmas muito mais rápido que qualquer um dos homens mais brilhantes. Vemos como era difícil para uma mulher poder trabalhar naquela época, já pelo modo como alguns homens duvidavam dela a princípio e também pelo fato da família se colocar contra - onde já se viu uma mulher decente trabalhar em meio aos homens?
"Um conselho sobre manter segredos: é mais fácil não tomar conhecimento deles antes de tudo."
     O segundo ponto é em relação aos homossexuais que na época eram extremamente mal vistos, eram um símbolo da indecência. Estes perdiam seu trabalho e sua dignidade uma vez que fossem descobertos como homossexuais. Vemos a luta de Alan Turing em relação a isso de uma forma que deixa claro o quanto era difícil viver em uma época cheia de tantos paradigmas ainda não quebrados, uma época em que você tinha de se encaixar no modelo imposto pela sociedade para não ser mal visto por ela, uma época em que não se podia assumir a própria identidade - a não ser a um custo muito alto.
"Hoje de manhã eu passei de trem por uma cidade que não existiria se não fosse por você. Comprei a passagem de um homem que provavelmente estaria morto se não fosse por você. Eu lido no trabalho com uma gama de pesquisas científicas que só existem por sua causa. Agora, se você queria ser alguém normal... eu juro que eu não queria. O mundo é um lugar infinitamente melhor exatamente porque você é assim."
     E, além de tudo o que foi citado, o filme mostra a criação da primeira máquina processadora de informações, que veio a ser o primeiro computador da história. Como mencionei anteriormente, o filme é baseado em fatos reais, no entanto, ele não pode ser considerado uma biografia de Turing, pois em muitos pontos o filme desvia da história real.
Máquina real de Alan Turing, chamada de Bombe.
Máquina de Alan Turing no filme, chamada de Christopher.
     Juntando tudo isso em um único filme, sem se perder no meio do caminho, resulta nesse filme brilhante e bem construído. Não é à toa que o filme foi indicado ao Oscar por melhor roteiro adaptado em 2015, aliás, não só foi indicado como venceu o Oscar. Escolhi esse filme justamente por isso, como o item 4 do Desafio Cinema, veja mais sobre o desafio AQUI.
     Confira o trailer do filme:

Por Lerissa Kunzler

Um comentário:

  1. I have not watched it yet, but it should be awesome,thanks for sharing..

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