Resenha do livro: O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë.

     Tanto li e ouvi a respeito desse livro, que não estava certa se iria ou não gostar da leitura do mesmo. Até mesmo agora, concluída a leitura, não sei dizer exatamente se gostei do livro ou não. O que me levou a lê-lo foi o fato de ser um importante clássico, não só da literatura inglesa, mas também mundial.

     É um pouco diferente do que eu estava habituada a ler, o romance trata de uma trama repleta de reviravoltas e acontecimentos - muitos deles, terríveis. De forma geral, como diz a sinopse, a obra narra a história das famílias Earnshaw e Linton e tudo o que lhes acontece durante um certo período.

     Não li o livro pelo motivo de ser citado nas obras de Stephenie Meyer, inclusive esse fato está contido na sinopse da edição mais recente. O livro que eu li é uma das edições mais antigas e a sinopse está um pouco diferente - e eu prefiro essa. Vamos conferir?

Sinopse: Emily Brontë enriqueceu a literatura inglesa com apenas um único romance que se distinguiu do gênero pela narrativa poética, estrutura incomum e ausência de digressões. O Morro dos Ventos Uivantes (1847) ambienta-se em Yorshire do século XVIII e narra a história de duas famílias - Linton e Earnshaw - unidas pela paixão e pelo ódio. A intensidade dos sentimentos dos personagens ultrapassa até mesmo os cânones românticos. O Morro dos Ventos Uivantes é um dos mais importantes clássicos da literatura inglesa e mundial. Uma autêntica obra-prima.

     A história começa quando o Sr. Earnshaw regressa de uma viagem a Liverpool. Seu dois filhos - Hindley e Catarina - o recebem ansiosos pelos presentes que pediram, mas em vez destes, o Sr. Earnshaw traz consigo um menino maltrapilho, que mesmo contrariando a família, é acolhido por ela e recebe o nome de Heathcliff. Mas aquela família, mesmo com uma boa atitude, não podia prever naquele tempo as consequências que aquele gesto traria para o futuro deles.

     Hindley passa a detestar Heathcliff logo de cara - principalmente por este ter tomado seu lugar, inclusive nas preferências de seu pai - mas entre Heathcliff e Catarina surge uma amizade crescente, que mais tarde transforma-se num amor doentio (se é que dá para ser chamado de amor). Porém, o futuro os separa - pelo menos de certa forma. Catarina acaba se casando com Edgar Linton e passa a fazer parte daquela família, mesmo amando Heathcliff.

"É ele a minha grande razão de viver. Se tudo perecesse, mas ele ficasse, eu continuaria a existir. E, se tudo permanecesse e ele fosse aniquilado, o mundo inteiro se tornaria para mim uma coisa totalmente estranha. Eu não seria mais parte desse mundo."

     Os personagens do romance são bem construídos e suas características extremamente bem definidas. Heathcliff, por exemplo, revela um caráter perturbado, egoísta e extremamente ruim e vingativo. Certamente, se Heathcliff não tivesse sido acolhido pela família Earnshaw, a história desta e da outra teriam sido completamente diferentes. Podemos perceber, através da história, como uma pessoa com tal caráter e suas atitudes são capazes de alterar tudo à sua volta, prejudicando a felicidade até mesmo dos mais inocentes.

"Mas de onde viera aquela criaturinha morena, recolhida por um homem de bem para ruína sua?"

     Brontë construiu seus personagens de uma forma tal, que torna uma tarefa difícil para o leitor julgar com exatidão as atitudes e o caráter dos mesmos. Não podemos nem sequer julgar a forma de ser do próprio Heathcliff, por pior que ele pareça ser. Se voltarmos para o início, perceberemos em sua maneira de ser e de agir ao chegar naquele novo meio, que ele certamente havia passado por inúmeros maus-tratos anteriormente e que esse fato tornara seu coração duro e deformara sua personalidade. Seu único ponto fraco estava naquilo que sentia por Catarina Linton.

     Mas Heathcliff, com seu caráter vingativo, acabou por derrubar um por um todos aqueles que ele considerava como seus inimigos. Desde Hindley até Edgar, muito ele fez a ponto de causar a ruína e a infelicidade de muitos.

     Para conter os spoilers, tenho que parar por aqui, embora a história já tenha sido retratada por mim em suas linhas e aspectos gerais. É difícil resumir o livro, pois a história é complexa e conturbada de tal forma, que isso se torna impossível. O livro é realmente diferente de qualquer outro que já li, pois a narrativa não retrata apenas um romance entre dois jovens, mas a ruína, a desgraça, a tragédia e tudo o que vêm em consequência disso.

     Não sei dizer exatamente se gostei ou não do livro, mas sem dúvida alguma está longe de ser um livro que eu consideraria como favorito, embora isso não signifique que eu tenha detestado a obra.

É um livro que divide opiniões, enquanto alguns gostam muito, outros detestam e o acham terrivelmente chato. Alguém já leu? O que acharam do livro?

Por Lerissa Kunzler.