Da autoria de Lerissa Kunzler
Era a primeira vez que ela conhecia um cenário tão campestre. Até chegar aos seus 9 anos - que completara há um mês - ela nunca havia estado em algum lugar em que não houvesse pelo menos algum edifício, placa, muro ou asfalto. Ela havia descido do carro completamente atordoada ao chegar naquela casa de campo, com um enorme jardim cheio de flores, pássaros e borboletas. Inúmeros tons e cores se mesclavam por entre os canteiros, colorindo e alegrando todo o ambiente. O céu azul sobre sua cabeça era tão brilhante que seus olhos aguavam quando ela os erguia. E havia ainda o silêncio agradável que embalava tranquilamente os dias daqueles que ali viviam.
A casa ficava exatamente no topo de uma colina, possibilitando uma ampla visão de toda a região. E era justamente isso que mais surpreendera a pequena Amélia quando ela ali chegara, pois para qualquer lado que olhasse, via apenas um cenário natural. Ela encarava o horizonte, abismada com a enorme camada irregular de verde que se estendia da colina até lá. Parecia, ela pensava, um enorme, grosso e felpudo cobertor verde, que a tudo cobria em grossas camadas.
Ansiosa por desfrutar de seus dias, Amélia acordou com o raiar do dia. Abriu a janela, que cedeu com um rangido, e os luminosos raios de sol inundaram o ambiente. Sentindo a brisa em seu rosto, ela notou que havia algo ali, naquele lugar, que lhe chamava a atenção. Eram uma espécie de atmosfera diferente, algo que ela não conseguia definir, mas que pairava no ar e lhe dava disposição.
Amélia, com sua energia infantil, queria logo fazer algo útil e auxiliar em alguma tarefa. Assim, encontrou um pequeno regador azul e se dispôs a regar as plantas e flores do jardim. A grama recentemente aparada ainda estava umedecida pelo orvalho, quando ela passou carregando o regador com as duas mãos e deixando um trilho de pingos sobre seu vestido e por todo lugar por onde passava.
Os canteiros do belo jardim eram dispostos de uma forma inteligente, fazendo com que quem estivesse entre eles se sentisse como se em um labirinto de flores, aromas e infinitas cores. O jardim, visto de longe, era como uma grande mistura de belezas naturais e as próprias cores pareciam se mesclar. Hortênsias azuis e arroxeadas circundavam o jardim, formando uma espécie de pequeno cercado. Amélia estava completamente encantada enquanto regava orquídeas; tulipas vermelhas, amarelas e rosadas; lírios exóticos; rosas belíssimas e bocas-de-leão de todas as cores, que faziam os canteiros centrais assemelharem-se a um arco-íris.
Então Amélia aproximou-se de um canteiro de margaridas no fundo do jardim e, sem se conter, aproximou o rosto de uma das maiores daquelas flores. Subitamente, um pequeno gafanhoto saltou sobre seu nariz. Amélia deu um pequeno guincho e largou o regador com o susto. Em seguida, quando percebeu do que se tratava, ela começou a rir e pensou, com isso, que aquele jardim possuía muito mais vida do que aparentava. E era nisso, ela decidiu enfim, que ocuparia seus dias em observar, explorar e descobrir.
Cada vez mais fascinada, Amélia passava todos os seus dias explorando o local, os jardins e as enormes árvores cheias de musgos e das mais diversas plantas. Certo dia conseguira, inclusive, encontrar um pequeno beija-flor naquele mesmo canteiro de margaridas e o observou, enquanto este realizava seu trabalho. A pequena gostava principalmente da manhã, quando os pássaros de todas as espécies e cores voavam por todos os lados, saudando o novo amanhecer com alegres e melodiosos cantos. Eles gostavam de fazer ninhos na beirada dos telhados da casa e, ocasionalmente, em algum dia de vento, algum ninho caía e Amélia corria para dar uma olhada nos ovos ou nos pequenos filhotes e, com seu bom coração, sempre dava um jeito de conseguir que o ninho fosse posto de volta ao seu lugar, para que o pássaro quando voltasse ao ninho encontrasse tudo como antes em seu lar.
Outro encanto para a pequena Amélia eram as borboletas, que iam de uma flor para outra sem cessar e contribuíam para colorir ainda mais o ambiente que, por si só, parecia um pequeno paraíso, um lugar mágico e maravilhoso. Também admirava as abelhas que passavam zunindo em sua viagem de ida e volta a colmeia, de onde saíam para coletar o pólen das flores e para onde voltavam quando já estavam abastecidas. Como o mel que estas produziam, era aquela vida toda que existia nas pequenas coisas que ela admirava e que que adoçava a sua vida.
Certo dia, ao regar as flores de um dos canteiros mais distantes, Amélia percebeu que algumas delas estavam com as folhas e pétalas cheias de cortes. Intrigada e entristecida, ela ficou ali parada, tentando imaginar o que poderia ter acontecido. De repente, se deu conta de que formigas começar a subir em seus pés. Ela as espantou e o mesmo fez com todas as outras, assegurando-se de que elas não mais importunariam as belas flores.
Nos dias que se seguiram, ela encaminhou-se para um pequeno bosque perto do pomar e então começou a observar o incessante trabalho das formigas. Era tão interessante observar a maneira como o trabalho delas se desenvolvia, onde cada qual tinha sua tarefa e a cumpria sem pestanejar. Caminhando mais um pouco, ela encontrou um fino trilho, no qual formigas cortadeiras iam seguindo, uma após a outra, carregando sobre si pedaços de folhas verdes. Seguindo aquela fila, ela encontrou um formigueiro para onde todas elas se dirigiam. Amélia ficou fascinada ao observar com seus próprios olhos os pequenos detalhes e o trabalho de cooperação que havia entre elas. Era tão curioso perceber como a natureza funcionava, aquela enorme cadeia organizada, onde tudo funcionava sem erro.
E, assim, seus dias foram se escoando e as férias findaram. Amélia se despediu saudosa dos belos cantos de pássaros, das flores, dos pequenos insetos que passara a observar com tanta curiosidade em todos aqueles dias, do pôr-do-sol avermelhado ao fim do dia, do ar completamente puro que preenchia aquela atmosfera e que era o que lhe dava toda aquela disposição, das estrelas brilhantes nas límpidas noites, das colinas, dos animais e das mais diversas formas de vida que observara e que passara a apreciar.
Enquanto o carro ia descendo a colina, percorrendo o inverso do trajeto que a trouxera até ali, ela sorriu consigo mesma. Sabia apenas que nunca mais seria a mesma, depois de tudo o que havia visto e aprendido. Ela agora tinha admiração pelas coisas pequenas e simples e sabia que, ao voltar para sua vida, ela saberia utilizar o que aprendera em seu dia-a-dia, dando valor às pequenas coisas e aos seus detalhes, e respeitando todas as formas de vida.
Sentiria saudades de tudo, ela não tinha dúvidas. Amélia, que passara as férias todas com os olhos bem abertos para não perder nenhum detalhe, agora os fechava lentamente, enquanto o carro principiava a sumir de vista na linha do horizonte.
A casa ficava exatamente no topo de uma colina, possibilitando uma ampla visão de toda a região. E era justamente isso que mais surpreendera a pequena Amélia quando ela ali chegara, pois para qualquer lado que olhasse, via apenas um cenário natural. Ela encarava o horizonte, abismada com a enorme camada irregular de verde que se estendia da colina até lá. Parecia, ela pensava, um enorme, grosso e felpudo cobertor verde, que a tudo cobria em grossas camadas.
Ansiosa por desfrutar de seus dias, Amélia acordou com o raiar do dia. Abriu a janela, que cedeu com um rangido, e os luminosos raios de sol inundaram o ambiente. Sentindo a brisa em seu rosto, ela notou que havia algo ali, naquele lugar, que lhe chamava a atenção. Eram uma espécie de atmosfera diferente, algo que ela não conseguia definir, mas que pairava no ar e lhe dava disposição.
Amélia, com sua energia infantil, queria logo fazer algo útil e auxiliar em alguma tarefa. Assim, encontrou um pequeno regador azul e se dispôs a regar as plantas e flores do jardim. A grama recentemente aparada ainda estava umedecida pelo orvalho, quando ela passou carregando o regador com as duas mãos e deixando um trilho de pingos sobre seu vestido e por todo lugar por onde passava.
Os canteiros do belo jardim eram dispostos de uma forma inteligente, fazendo com que quem estivesse entre eles se sentisse como se em um labirinto de flores, aromas e infinitas cores. O jardim, visto de longe, era como uma grande mistura de belezas naturais e as próprias cores pareciam se mesclar. Hortênsias azuis e arroxeadas circundavam o jardim, formando uma espécie de pequeno cercado. Amélia estava completamente encantada enquanto regava orquídeas; tulipas vermelhas, amarelas e rosadas; lírios exóticos; rosas belíssimas e bocas-de-leão de todas as cores, que faziam os canteiros centrais assemelharem-se a um arco-íris.
Então Amélia aproximou-se de um canteiro de margaridas no fundo do jardim e, sem se conter, aproximou o rosto de uma das maiores daquelas flores. Subitamente, um pequeno gafanhoto saltou sobre seu nariz. Amélia deu um pequeno guincho e largou o regador com o susto. Em seguida, quando percebeu do que se tratava, ela começou a rir e pensou, com isso, que aquele jardim possuía muito mais vida do que aparentava. E era nisso, ela decidiu enfim, que ocuparia seus dias em observar, explorar e descobrir.
Cada vez mais fascinada, Amélia passava todos os seus dias explorando o local, os jardins e as enormes árvores cheias de musgos e das mais diversas plantas. Certo dia conseguira, inclusive, encontrar um pequeno beija-flor naquele mesmo canteiro de margaridas e o observou, enquanto este realizava seu trabalho. A pequena gostava principalmente da manhã, quando os pássaros de todas as espécies e cores voavam por todos os lados, saudando o novo amanhecer com alegres e melodiosos cantos. Eles gostavam de fazer ninhos na beirada dos telhados da casa e, ocasionalmente, em algum dia de vento, algum ninho caía e Amélia corria para dar uma olhada nos ovos ou nos pequenos filhotes e, com seu bom coração, sempre dava um jeito de conseguir que o ninho fosse posto de volta ao seu lugar, para que o pássaro quando voltasse ao ninho encontrasse tudo como antes em seu lar.
Outro encanto para a pequena Amélia eram as borboletas, que iam de uma flor para outra sem cessar e contribuíam para colorir ainda mais o ambiente que, por si só, parecia um pequeno paraíso, um lugar mágico e maravilhoso. Também admirava as abelhas que passavam zunindo em sua viagem de ida e volta a colmeia, de onde saíam para coletar o pólen das flores e para onde voltavam quando já estavam abastecidas. Como o mel que estas produziam, era aquela vida toda que existia nas pequenas coisas que ela admirava e que que adoçava a sua vida.
Certo dia, ao regar as flores de um dos canteiros mais distantes, Amélia percebeu que algumas delas estavam com as folhas e pétalas cheias de cortes. Intrigada e entristecida, ela ficou ali parada, tentando imaginar o que poderia ter acontecido. De repente, se deu conta de que formigas começar a subir em seus pés. Ela as espantou e o mesmo fez com todas as outras, assegurando-se de que elas não mais importunariam as belas flores.
Nos dias que se seguiram, ela encaminhou-se para um pequeno bosque perto do pomar e então começou a observar o incessante trabalho das formigas. Era tão interessante observar a maneira como o trabalho delas se desenvolvia, onde cada qual tinha sua tarefa e a cumpria sem pestanejar. Caminhando mais um pouco, ela encontrou um fino trilho, no qual formigas cortadeiras iam seguindo, uma após a outra, carregando sobre si pedaços de folhas verdes. Seguindo aquela fila, ela encontrou um formigueiro para onde todas elas se dirigiam. Amélia ficou fascinada ao observar com seus próprios olhos os pequenos detalhes e o trabalho de cooperação que havia entre elas. Era tão curioso perceber como a natureza funcionava, aquela enorme cadeia organizada, onde tudo funcionava sem erro.
E, assim, seus dias foram se escoando e as férias findaram. Amélia se despediu saudosa dos belos cantos de pássaros, das flores, dos pequenos insetos que passara a observar com tanta curiosidade em todos aqueles dias, do pôr-do-sol avermelhado ao fim do dia, do ar completamente puro que preenchia aquela atmosfera e que era o que lhe dava toda aquela disposição, das estrelas brilhantes nas límpidas noites, das colinas, dos animais e das mais diversas formas de vida que observara e que passara a apreciar.
Enquanto o carro ia descendo a colina, percorrendo o inverso do trajeto que a trouxera até ali, ela sorriu consigo mesma. Sabia apenas que nunca mais seria a mesma, depois de tudo o que havia visto e aprendido. Ela agora tinha admiração pelas coisas pequenas e simples e sabia que, ao voltar para sua vida, ela saberia utilizar o que aprendera em seu dia-a-dia, dando valor às pequenas coisas e aos seus detalhes, e respeitando todas as formas de vida.
Sentiria saudades de tudo, ela não tinha dúvidas. Amélia, que passara as férias todas com os olhos bem abertos para não perder nenhum detalhe, agora os fechava lentamente, enquanto o carro principiava a sumir de vista na linha do horizonte.
Por Lerissa Kunzler
29/09/2014
Oi Lery!
ResponderExcluirMais uma vez você nos surpreende com sue talento incrível.
Vai escrever um livro garota!
Não teve como não me apaixonar por Amélia!
Beijos
LiteraMúsicas
Hahahahaha Obrigada!! xD
ExcluirPior que esse sempre foi meu sonho e eu estou trabalhando em um dos enredos que eu já criei! hahaha Mas vamor ver. :P
Fico muito feliz que tenha gostado! :D
Valeu pela visita!!
Que conto maravilhoso!
ExcluirVocê escreve muito bem, Lerissa. Espero que você siga carreira e tenha muito sucesso.
M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de novembro
Opa, muito obrigada!!! xD
ExcluirFico muito feliz, valeu mesmo!!
E valeu pela visita!! :D
Ualll Sério isso?
ExcluirBoa sorte!
Assim que concluir eu com certeza vou querer ler :)
Beijos
LiteraMúsicas