O TEMPO

Da autoria de Lerissa Kunzler

      O tempo. O tempo que corre, o tempo que voa, o tempo que para. O tempo que se eterniza naquele pequeno instante em que dois olhares se prendem um ao outro. O tempo que cabe num abraço, que se alonga em uma conversa animada, que soa nas risadas entre amigos. O tempo que adora contrariar, sendo curto quando mais se precisa dele e longo quando se tem de sobra ou  quando se tem de esperar por algo.

      O tempo que se acalma as dores do coração, que apaga as lembranças ruins, que deixa guardado apenas aquilo que mais se quer lembrar. O tempo que acolhe com um sorriso, que abre os braços para os que esperam e que interrompe os apressados. O tempo, que mais parece um indivíduo de vontade própria, que possui seu próprio ritmo e faz suas próprias regras, não importando o tique-taque do relógio.

      O tempo que torna os minutos lentos e as horas apressadas. O tempo que não simpatiza com os que vivem correndo e que ama os que sonham, pois os sonhos possuem todo o tempo do mundo entranhado em si mesmos. O tempo que, além de tudo, é cruel quando quer, deixando ora a saudade bem enraizada, ora amenizando aqueles que a sentem. O tempo que cicatriza, cura e consola. O tempo que, aliado à distância, é o maior inimigo daqueles que se amam e não veem a hora de se ver novamente.

      O tempo que faz pensar e repensar. O tempo que acalma os ânimos e traz o perdão. O tempo, que soa nostálgico nas badaladas lentas de um sino que soa no silêncio da madrugada. O tempo, que soa romântico nas cordas de um violão e terrível nos momentos de tristeza. O tempo, que é a tragédia e, ao mesmo tempo, a esperança. O tempo contraditório, que por vezes aproxima e, em outras, afasta.

      O tempo, que é cruel ao tirar das pessoas aqueles a quem eles mais amam, mas que, ao mesmo tempo – e contraditoriamente, alivia e ajuda. O tempo, que traz as escolhas difíceis e também as respostas. O tempo que não impede a alegria de cada novo dia, trazendo inúmeras novas opções e ideias.

      O tempo que assusta, que surpreende, que agrada ou judia. O tempo, que deixa a saudade do que passou e uma vontade irresistível de voltar atrás. O tempo, que também desperta uma ansiedade de viver, de ver o que está por vir no trilhar da vida. O tempo, motivo de reclamações, pedidos desesperados e agradecimentos. “Ah como eu queria mais tempo! Não tenho tempo para nada!” “Por favor, eu preciso de mais tempo!” “Ufa, foi por um segundo!”

      O tempo, que na maior parte das vezes não é valorizado e aproveitado como deveria. O tempo, seja ele pouco ou muito, é uma dádiva, é único, é irrepetível.

      O tempo… Curto, apressado, longo ou demorado… O tempo é eterno.

Por Lerissa Kunzler