Resenha do livro Band of Brothers, de Stephen E. Ambrose

Oitavo livro lido e resenhado para a Maratona Literária

 #EuTôDeFérias - Parte II

Título: Band of Brothers

Companhia de Heróis

Autor: Stephen E. Ambrose

Editora: Bertrand Brasil

Edição: 1

Ano: 2001

Nº de páginas: 392

Livro no Skoob

Sinopse: Band of Brothers é o relato sobre os homens Easy Company, 506º Regimento de Infantaria Pára-Quedista do Exército Norte-Americano , uma das melhores companhias de fuzileiros do mundo. Baseando-se em horas de entrevistas com sobreviventes, bem como nos diários e nas cartas dos soldados, conta a história desse notável grupo, que sempre recebia as missões mais difíceis, sendo responsável por tudo.

     Antes de começar essa resenha, quero dizer uma coisa: não há palavras que estejam à altura desta obra, não pela sua narrativa ou por algum outro detalhe, mas sim pela imensa camada de realidade que esta traz consigo, sendo baseada em relatos reais dos soldados que realmente vivenciaram a Segunda Guerra Mundial - e passaram por ela.

     Confesso que sempre me interessei pela Segunda Guerra Mundial e é um dos assuntos que eu mais gosto de estudar por conta própria e que desperta muito meu interesse (talvez parte disso se deva ao fato de que meu próprio avô fez parte da Segunda Guerra Mundial).

     Então, dentre vários outros livros que ainda pretendo ler sobre o assunto, encontrei essa obra singular de Stephen E. Ambrose. Ambrose teve contato com os soldados que originalmente integraram a Companhia Easy e baseado nos relatos destes sobre a guerra e tudo o que viveram, compôs essa obra, que relata desde o surgimento da Companhia E até que esta foi desativada, após o fim da guerra, acompanhando toda a sua trajetória em seus mínimos detalhes.

"Conheciam-se mutuamente e confiavam uns nos outros. Na Companhia E, tinham feito as melhores amizades de suas vidas. Eles estavam preparados para morrer uns pelos outros; e, mais importante do que isso, estavam preparados para matar uns pelos outros."

     A Companhia Easy foi de fato uma companhia de heróis e uma das melhores companhias de soldados que já existiram. Integrando a 101ª Airborne e o 506º Regimento de Infantaria Paraquedista do Exército Norte-Americano, a Companhia E não era formada por apenas soldados, mas por irmãos. E era nisso que estava seu grande diferencial. Quanto entrava no campo de batalha, geralmente presente em algumas das mais perigosas manobras dos Aliados - como no Dia D, por exemplo - cada soldado podia confiar plenamente naquele que estava ao seu lado, e isso dava à Easy Company uma força extraordinária.

     Particularmente, foi uma leitura muito significativa para mim. Cresci ouvindo histórias do tempo da guerra, contadas por meu pai, que por sua vez ouviu-as de meu avô, que as viveu. Então ler sobre tantas outras histórias e acontecimentos - muitos deles até mesmo semelhantes aos que eu já ouvira - foi simplesmente singular para mim de uma maneira que nem posso explicar.

     O livro é bem realista, por assim dizer, pois o autor não se preocupa em disfarçar os amenizar os acontecimentos, ele mostra a realidade tal qual ela é. Esse é um fato bem notável na obra. Também é interessante acompanhar os treinamentos dos soldados desde o início e até seu fim, seja com a morte ou sobrevivendo no decorrer dos combates.

"Eles se conheciam de uma forma tão profunda que somente aqueles que combateram juntos em várias situações táticas conseguem conhecer-se, tal como somente os que suportaram juntos o extremo sofrimento resultante da combinação de frio, insuficiência alimentar e poucas horas de sono e vivendo sob tensão constante são capazes de se conhecer.Eles conheceram o medo juntos. Não apenas o medo da morte ou de ferir-se, mas também o medo de que aquilo tudo não valia a pena." 

     Além disso, o livro - além de descrever toda a experiência de combate dos soldados - também traz o fim da guerra, a sensação que trouxe e também descreve o que aconteceu com cada um dos soldados que sobreviveu. Também é interessante destacar que o livro traz diversas fotografias dos verdadeiros soldados no final. E os personagens (ou os soldados, melhor dizer) são muito bem descritos - na maioria das vezes graças ao soldado Webster, que sabia fazer descrições excelentes de seus companheiros nas cartas que enviava a seus pais. Também não há como não admirar o capitão Winters, sem dúvida um grande exemplo de liderança, pois ele não apenas dava as ordens para seus soldados, ele as cumpria juntamente com eles, estava sempre à frente da batalha e se preocupava com seus soldados.

     À parte o exagerado patriotismo americano - sempre presente em qualquer obra americana, seja literária ou cinematográfica - é um livro completamente fantástico. Claro que, para quem não está acostumado aos termos de guerra e às divisões, aos armamentos e características, é uma leitura que pode se tornar um tanto complicada e até confusa. Mas quem já tem uma noção sobre isso, é uma leitura tranquila. Ambrose, no entanto, não se preocupa em embelezar os fatos ou lhe dar emoções além do que estes já podem transmitir, ele apenas conduz a narrativa, narrando os acontecimentos como ocorreram no decorrer da guerra e de seus combates. É basicamente uma descrição realista e chocante da realidade.

"Ademais, na guerra, descobriram um senso de amizade que nunca tinham visto antes. Eles descobriram o altruísmo. Descobriram que podiam amar o outro na trincheira mais do que a si mesmos. Descobriram na guerra homens que amavam a vida, mas que eram capazes de perder a vida por eles."

     É uma obra que, além de tudo, também faz pensar. Faz pensar no que somos como nações, como seres humanos, como pessoas. Quantas atrocidades, quantos horrores, quantas tragédias este mundo já viu? De que vale uma guerra? De que vale a ambição do ser humano, que acaba resultando em acontecimentos tão cheios de sofrimentos e dor?

     Centenas de milhares de jovens de diversas nacionalidades perderam suas vidas naqueles anos terríveis. Eram jovens cheios de vida, de saúde e de sonhos, que tiveram que deixar para trás suas famílias e seus lares e partir para uma guerra que não provocaram. Lutaram pelos seus países, lutaram por aquilo que acreditavam, lutaram porque era preciso. Lutaram por um mundo melhor.

“‘Vovô, você foi herói de guerra?’ ‘Não’, respondi, ‘mas servi numa companhia de heróis.’”

Por Lerissa Kunzler